Naquele dia ela lavou seu coração de papelão e o pendurou no
varal, para secar. O céu estava azul e as ondas vibrantes de amor vindas de
tantos lugares do mundo e de tantas dimensões paralelas perdidas entre o céu e
a terra pareciam pairar sobre o varal. A brisa suave era quente, como maresia,
e o coração de papelão deixava a umidade para tornar-se duro e seco. Que controverso
para um coração! Mas era só assim que ele conseguia manter-se literalmente
firme. Estava aprendendo a ser meio termo, por necessidade, mas o que gostava e
sabia mesmo era ser flexível, derretido. Gostava de desfazer-se e fazer-se de
novo. Gostava de virar escultura em papel marché. Pendurado no varal, o coração
de papelão se preparava para passar mais um Valentine´s Day em perfeita elegância,
sem desmerecer outros corações mais duros ou invejar os mais afortunados.
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