29.4.07

2 em 1*



O escocês Ewan McGregor e a banda inglesa Placebo não foram os protagonistas, mas estiveram comigo neste domingo. No clip acima, a música Song to Say Goodbye traz ambos e ainda cenas muito boas do filme Trainspotting. Quem assistiu sabe do que estou falando... Renton mergulhando na privada e viajando no tapete vermelho estão presentes.

O filme que Danny Boyle lançou em 1996 marcou a vida de muitos adolescentes da época e eu fui um deles. Também foi aí que descobri que Ewan McGregor (Renton) e Robert Carlyle (Begbie) são dois ótimos atores. Mas, mais que isso, foi aí que me apaixonei por Ewan, rs.

Bom, a letra e a música casam com o filme porque ele mostra a história de Renton, que quer fugir da heroína. No fim ele foge mesmo. Dá tchau pra droga, pros amigos malucos e altamente viciados e ainda - sem dor na consciência alguma - leva um belo montante de dinheiro sujo com ele. Então... song to say goodbye.


Curiosidade: Em 96, quando Trainspotting foi lançado, Ewan estrelava o segundo longametragem de Boyle (o primeiro foi Cova Rasa, de 94) e a banda Placebo lançava seu primeiro álbum. Parece que o diretor teve papel importante na vida dos coadjuvantes do meu domingo. Quem é bom tem bom faro.


*Post atualizado dia 02.05.07.

25.4.07

Coração em uma incubadora

Átrio direito e átrio esquerdo, juntos, em uma só voz: - Mas por que estamos aqui ainda?

Ventrículo direito: - Porque sim.

Ventrículo esquerdo, sempre inconformado e solidário: - Porque sim não é resposta, irmão. Explica para eles...

Ventrículo direito: - Não tô afim. Fala você, “irmão” (diz, com tom de ironia, e fecha a cara)

Ventrículo esquerdo: - É que...

Átrio direito e esquerdo, juntos, novamente: - Fala logo, está angustiante ficar aqui entre estas paredes transparentes e frias!

Válvula tricúspide – sem ser convidada – entra na conversa: - É que ela não quer nos tirar daqui por enquanto.

Válvula mitral, interfere: - Ela está insegura, normal...

Ventrículo direito: - Essa louca nunca tá segura, pô!

Ventrículo esquerdo: - Gente, calma, é normal...

Válvula mitral: - É o que estava dizendo...

Átrio direito e átrio esquerdo, juntos, como sempre: - Mas se ela é sempre assim, então a gente nunca vai sair daqui e teremos que ficar com esse cheiro de remédio eternamente?

Válvula tricúspide: - Daqui a pouco a gente sai...

Ventrículo direito: - Ahahaahahaha. Tá tirando? Você disse isso há seis meses!

Ventrículo esquerdo: - É, mas agora ela está cedendo. A gente quase saiu esses dias...

Ventrículo direito: - Isso, isso. Entre o “quase” e o sair efetivamente tem chão...



(Átrio direito e átrio esquerdo choram juntos)



Válvula tricúspide: - Olha, não devia contar, mas meu informante cérebro me disse que para ela nos deixar sair basta que alguém fique nos fitando pelo vidro por um tempo e a respiração aqueça a incubadora de tal forma que ela ache que é confortável para nós lá fora...

Válvula mitral: - Então, também estou sabendo desse “off”... mas parece que não é bem simples assim. Várias pessoas ficaram aqui por perto, rondaram a incubadora e até rolou um plano estratégico de nos roubarem. Mas ela ficou sabendo e ampliou o monitoramento da sala. Agora, parece que tem um sujeito meio por perto...



(Átrio direito e átrio esquerdo continuam chorando juntos)



Ventrículo esquerdo: - Quem sabe. Talvez seja ele que consiga tirar a gente daqui, não é? Se ele quiser, claro... e se ela resolver ir com ele. Há uma esperança...

Ventrículo direito: - Opa! Ou é mais um daqueles vendedores de limpa-vidros, tentando empurrar uma solução brilhante! Ahahaahah... bando de melosos molengas...

Átrio direito e átrio esquerdo, ainda chorando compulsivamente: - Pára! Você é malvado, não queremos ouvir!

Ventrículo direito: - Vidraceiro, vidraceiro, vidraceiro! Ahahahahaha

Válvula mitral: - Aqui já está abafado... agora, será um martírio!

Válvula tricúspide: - Pior sou eu que tenho que trabalhar entre um chorão e um pessimista intolerante...

Ventrículo esquerdo: - Vou ver o remedinho do ventrículo direito... ele está passando dos limites...

Ventrículo direito: - Isso, hipocondríaco doido, me dopa e cala a voz da razão desse coração besta. Ai, que turma chata...

24.4.07



Fazer-se pequeno diante do invisível, do incompreensível e do indescritível pode ser quebradiço e irracional.
E se a lógica imperar o será. Mas, se souber sentir, a envolvente presença impedirá que lhe atinja qualquer que seja o mal. E de olhos fechados seguirá.

Esperança



Enquanto houver água e integridade tudo pode ser limpo.
E se houver apenas um pingo, um filete ou um veio correndo manso, mesmo assim valerá. E o caminhar não machucará.

Caridade




Carecemos todos de amor. Carecemos todos de paz. Carecemos todos de sorrisos.
E se até o fim acreditarmos que o bem é possível, então o caminho foi trilhado certo. E o sono não pesará.

Simprão

Já recebi muitas “declarações de amor" na vida. Até pouco tempo eu guardava uns bilhetinhos que ganhei quando eu e alguns “apaixonados” éramos crianças e estávamos começando a descobrir o que era sentir emoções e atrações pelo sexo oposto. Além de bilhetes, tenho lembranças hilárias. Uma delas, por exemplo, foi de quando pedi um mês para responder a um menino se queria dar um beijo nele ou não, sendo que eu já sabia que não queria. Malvado isso. Já disse “eu te amo” para alguns, mas só alguns destes alguns foram com propriedade. Hoje sei que só metade destes poucos foi real.

Resolvi escrever isso porque minha mente é uma rede de links infinita e processa dados em uma velocidade digna de reinventar-se a fibra ótica. Acabei de ouvir “O Amor é Filme”, do Cordel do Fogo Encantado (trilha do filme Lisbela e o Prisioneiro, por sinal), e, apesar de não saber ainda direito o ponto de intersecção, lembrei da composição de Adoniran Barbosa “Tiro ao Álvaro”.

Batuquei mentalmente a musiquinha...
Já me alegrei com rosas cor-de-rosa, rosas vermelhas, rosas amarelas, rosas brancas, flores do campo, orquídeas, lírios (preferidas), copos-de-leite, tulipas (espetaculares), cartinhas, cartões, quadros, livros, poemas, versos, chopps, vinhos, presentes, olhares, falas, silêncios, mas nunca – nunca – experimentei a sensação de ouvir uma música assim para mim. E esta é mesmo ultra, como aqueles presentinhos personalizados, feitos a mão e que nem sempre ficam esteticamente bons. Simples, impactante, verdadeira, nada morna. Isso sim é que é declaração de amor.



Tiro ao Álvaro
Adoniran Barbosa / Oswaldo Molles)


De tanto levar
Flechada do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o que
Tauba de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde furar
Não tem mais
Teu olhar mata mais do que
Bala de carabina
Que veneno estricnina
Que peixeira de baiano
Teu olhar mata mais que
Atropelamento de artomorve
Mata mais que
Bala de revorve

23.4.07

Pensamentos no ar

- Experimentei a Coca Zero e achei bem boa. Ela é leve e tem gosto. Bem melhor que a Light, e olha que eu adoro aquele gostinho esquisitão de adoçante;

- Há pessoas que pedem sua opinião simplesmente para ver se bate com a dela, se não bate, se é muito parecida ou muito diferente. Isso não significa que o que você vai dizer irá ser decisivo para ela. No entanto, há outras que querem uma resposta rápida e nem raciocinam. Portanto, cuidado com opiniões emitidas em assuntos sérios, como a cor da blusa nova de uma mulher, por exemplo;

- Enquanto são lançados 198.924.335 filmes já existem outros 999.999.999 que quero assistir. Acho que nunca conseguirei vê-los todos;

- Deus coloca pessoas certas nas horas certas. É muito louco. Uma amigona apareceu há um tempo numa hora apropriadíssima, tanto para mim quanto para ela; nesse momento estou no msn com um amigo que está precisando muito conversar e fazia “N” anos que não nos falávamos e nunca nos encontrávamos nem na net; no fim de semana liguei para uma amiga do nada e calhou que ela precisava de mim e, de alguma forma, eu a ajudei. Para mim, quando mudei de cidade, três pessoas fizeram a diferença;

- Viver com as janelas fechadas não é ruim quando você mora em uma cidade cheia de pernilongos e tem um ventilador;

- Um apartamento pequeno com as coisas no lugar parece maior e mais aconchegante;

- Ter uma televisão boa é primordial, mesmo se você só for utilizá-la para ver jornais e raramente algum programa qualquer;

- Minha dor de cabeça é algo crônico. É generalizado, eterno, constante. É inerente à minha pessoa;

- Msn, Skype e afins servem para fazer-se entender. Não é ali que alguém prova se escreve bem ou não. Ninguém precisa disso, né?!;

- Quando ele entrou vi a camiseta amarela iluminando a sala. Depois, vi os olhos com raios bem verdes. Mais tarde percebi que a roupa era verde musgo e os olhos, como sempre soube e são, estavam obviamente castanhos. Acho que estou enxergando outra dimensão. Acho que é culpa dele;

- Ter avós vivos é muito legal. Lúcidos, melhor ainda;

- Ter um blog é bacana. Tem dias que há inspiração, outros não. Tem dias que os textos saem longos, outros não. Tem dias que colocamos tristeza neles, outros alegria, outros sarro, outros nada relevante, outros algo importante só para nós. Blogs são um pouco da nossa inconstância e sempre parciais. O meu nunca trata de coisas muito sérias. Não acho que seja para isso (talvez para escribas frustrados). Nele, adoro escrever coisas bobas, piegas e também ridículas. Não tenho problemas com isso. E é terapêutico;

- Mais terapêutico que ter um blog é sentir-se privilegiada com um abraço. Parece que, pelo menos momentaneamente, muitas dorzinhas param de doer. Da dor nas costas por má postura até a tal enxaqueca de nascença.

21.4.07

Christmas Is All Around



Este clip é fenomenal... parte do filme Simplesmente Amor (Love Actually). Bill Nighy, que interpreta Billy Mack, é um cantor decadente que só fez sucesso com uma música, a Love Is All Around (música da banda escocesa Wet Wet Wet, que faz parte da trilha do Quatro casamentos e Um funeral)... como é época de Natal acaba rolando uma performance com a paródia Christmas Is All Around. Apesar de eu adorar o cínico e charmoso Hugh Grant, a tosquice de Bill rouba a cena muitas vezes (e este é exatamente o motivo de ele estar lá, e o faz muito bem).

Posto aqui, pois acordei com essa cena na cabeça hoje. Vai entender.

20.4.07

Não tem "dona" que ensine o que a gente vive

Nasci em São Paulo, capital, mas vivi minha infância na Bahia e, depois de apenas seis meses morando na cidade do vinho e do esqui artificial, São Roque, fui parar em Itatiba, uma cidadezinha simpática (e com terreno muito acidentado)com cerca de 90 mil habitantes. Mudar de escola era traumatizante! Quando saí da Bahia chamava as professoras de “pró” (que vinha de “prófêssora”). Em São Roque, o primeiro “pró” que eu disse bastou para que eu fosse motivo de riso não só da minha sala, mas da escola inteira. Não só eu, minha irmã que estava dois anos letivos atrás de mim também havia, no mesmo dia, cometido o mesmo e pavoroso “erro”. Aprendi. Lá eles usavam “tia” ou “professora”.

Seis meses depois, quando mudamos pra Itatiba, minha mãe me levou até a porta da escola Coronel Júlio César e eu entrei na sexta série. Imaginei que tudo correria bem. E correu, até meu primeiro “tia” e não “dona”, como usavam lá. Passei pelas mesmas risadas, pelo mesmo apuro, fiquei tão “vermelha” quanto da outra vez. O que eu mais queria era voltar pra Bahia e ver meus amigos e “prós”. Mas não tinha jeito. No dia seguinte estava eu lá de novo... e outros dias se passaram até que acabou a oitava série e hoje eu me lembro do Júlio César com mais saudade que da Bahia.

Os melhores anos da minha vida eu passei naquela escola, que comemora seus 112 anos. Toda vez que passo na frente do prédio sinto uma certa “raivinha”. A escola foi reformada há poucos anos e está muito mais bonita, mas eu fico chateada de terem tirado “a minha” quadra de lá, mudado um pouco o aspecto do pátio, apagando meu nome escrito com corretivo embaixo da escada central que dá na diretoria.

Lembro-me indo a pé pra escola. Eu e minha irmã. As camisetinhas brancas com o logotico “JC” em verde. Lembro-me do cheiro do creme de chocolate que às vezes a merendeira fazia (e era a única coisa que comia feita lá), me lembro do barulho dos sapatos de toda aquela criançada batendo no assoalho logo cedinho. Lembro-me do medo que todos tínhamos da professora de ciências, a “dona” Ércia. Lembro-me do primeiro “A+” que tirei com ela.

Amigos como os que fiz no Júlio César são difíceis de encontrar. O povo da cidade é acolhedor e sabe transformar “a gente” em sua gente. Hoje, pelo menos três dos meus grandes amigos conheci lá, entre guerrinhas de giz, bagunça na cantina pra comprar bala com chiclete dentro, estojos arremessados pela janela da minha antiga “oitava A”, que dá na rua Engênio Passos e muita chamada oral da “dona” Ércia.

Lembro-me de todos em fila, no meio do pátio central, cantando o Hino Nacional. Outro dia, vi a mesma cena lá. Quase desci e cantei com as mãos cruzadas atrás das costas, quase corri para ouvir o barulho dos meus passos no assoalho.

Lembro-me da Loira do Banheiro. Quer dizer, lembro do medo que tínhamos de encontrar o fantasma de uma enfermeira loira que tivera a alma aprisionada no prédio... e ela dividia sua eternidade entre o banheiro e o porão da escola. Aliás, foi no porão que, clandestinamente, comi com uns amigos pêssego em calda e balas de goma que seriam prenda pra festa junina. Era lá onde, às vezes, já na oitava série, último ano, ajudávamos as professoras a tirar cópias num antigo mimeógrafo e, por isso, nos sentíamos mais importantes. Coisa de criança. Coisinhas que decoram nossas lembranças, tão simples quanto sem preço.

A escola está muito mais bonita hoje. As carteiras estão reformadas, a cantina virou um palco para teatrinhos, se não me engano. Os jardins estão bem cuidados e as salas de aula têm nas paredes desenhos e trabalhos de outros alunos. Mas quando fecho os olhos eu tenho a quadra, tenho meu caderno de mapas e tenho meus amigos tentando colar minha prova de inglês. Tenho as professoras dando bronca, tenho as conversinhas infantis de intervalo. Tenho as escadas e a arquibancada cheias de ti-ti-ti no período da tarde, quando estávamos lá, mesmo não tendo aula.

Tenho no fechar de olhos os sabores, as sensações e até sinto o cheiro de álcool da folha recém passada no mimeógrafo. Tenho a recordação do tempo que passei a me sentir à vontade com as mudanças e passei a me sentir parte do povo da cidade. São esses pequenos detalhes que tornam minhas memórias adolescentes cheias de ternura. E são esses, os valiosos detalhes que me importam, quando passo por lá.

19.4.07

O Grito

Ele sentava-se à janela todos os dias depois das 13h, quando terminava de almoçar. E almoçava lentamente. Sentava-se à mesa com as pernas paralelas sob ela; os pés emparelhados; os bicos dos sapatos milimetricamente colocados lado a lado. A coluna ereta, queixo erguido e os cotovelos a pelo menos 10 cm do tampo da mesa de vidro redonda e sempre muito limpa, sem manchas, sem nada que atrapalhasse sua transparência.

Ele colocava sempre quantidade de arroz dobrada para a de feijão e a de carne. A salada ficava em um pratinho separado, ao lado direito do principal. A jarra de suco de laranja sem gelo e sem açúcar em frente, no meio da mesa. O copo próximo, à esquerda. Os talheres nos devidos lugares. Não, não havia luxo ou um mise-en-place correto, pelo contrário. A disposição era assim apenas para ele sentir-se à vontade(para ele era assim). Comia devagar, sempre a salada antes, e mastigava muito. Terminava a refeição bebendo todo o suco de uma vez. Usava quatro guardanapos. Um para limpar a boca sem ter comido nada ainda, outro para depois da salada, outro para depois da refeição completa e o último após o suco. Nunca palitava os dentes.

Saía da mesa e sentava-se à janela todos os dias depois das 13h. Sentava em um antigo banquinho de madeira, que sua avó lhe deixara de herança junto com um baú de mogno e uma reprodução de O Grito, de Edvard Munch. Ele sentava no banco e não olhava para fora, olhava para o quadro que ficava em uma parede perpendicular à janela que emoldurava a rua em declive. Aquele marco da arte expressionista nada tinha a ver com a avó e ele se punha a imaginar a ligação entre eles. Entre o quadro e a avó, entre o quadro e ele, entre ele e a avó.

As lembranças de infância eram poucas. A irmã falecida derrubando seus brinquedos, os pais brigando sempre por mesquinharias, a avó inválida tricotando no banco. Nada era colorido. A adolescência havia sido difícil e, após completar 17 anos, saiu de casa. Quinze anos mais tarde ele acumulava diversas tentativas de encontrar um emprego digno. Passou dos 30 sem conhecer o carinho sincero de uma mulher. O amor nunca tinha batido à sua porta e ele nunca tinha movido uma palha para procurá-lo. “Não é para qualquer um”, pensava no fundo. “Um dia talvez apareça”. A melhor parte dos seus dias iguais era almoçar e sentar-se à janela todos os dias depois das 13h e fitar o quadro.

Um dia, depois de tanto olhar e a imaginação não ter mais por onde andar ele acabou hipnotizado. O corpo nunca mais saiu dali. Era como se o houvessem empalhado. A alma, no entanto, saiu correndo pelos quarteirões abaixo, sem roupa, sem fala, sem consciência nenhuma, mas também sem peso e sem rumo.

Nem tudo que é escuro está fora do claro




A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais."

Trecho do conto “The Raven” (O Corvo), de Edgar Allan Poe, traduzido por Fernando Pessoa. E se nunca leu “Histórias Extraordinárias”, leia.

18.4.07

Keane




Ontem teve show, hoje também tem. Não fui e não vou.
Uma pena, pena mesmo (ainda mais porque cheguei a achar que ia, com ingresso e tudo), mas no fim foi bom. Não estou fisicamente bem e, se eu não morri por ter deixado de ir no do U2, não é pelo Keane que irei desfalecer.

Há várias músicas bacaninhas, mas esta, a This is The Last Time, é a que mais gosto. Ela cresce e o som penetra nos poros. A Hamburg Song é bem bonita e traz tristeza, o instrumental é tão bom que tampa os poros. A Everybody is Changing já foi comentada aqui. Sufocava, hoje é só referência de “passou”. Somewhere Only We Know, uma das mais conhecidas, é realmente digna da fama, mas eu sinto uma coisa estranha quando a ouço. É como se ela fosse de alguém e não minha e eu não pudesse gostar tanto. Maluco, maluca, eu.

A Bad Dream me impressionou porque não dei a mínima na primeira vez que a ouvi mas, na segunda, ela me pegou pelo pescoço. Como se “a segunda chance” tivesse tido êxito entre nós. Bedshaped é fofa e a letra traz a confusão do não saber, boa também. Try Again e A Heart to Hold You são muito fossa. Aquelas para se ouvir voltando do trabalho, com chuva e trânsito, para ter um cenário bem dramático e totalmente alone. Tem quem goste, tem quem precise de vez enquando.

A alegrinha Crystal Ball ganhou as rádios. É contagiante e o refrão é fácil de guardar. Conquista até os rabugentos. Bend and Breack é a segunda ou terceira que toca no meu MP3, nunca a pulo. A letra de Call me What You Like é bobinha, mas legalzinha. Há várias, muitas, gosto da maioria e todas as citadas aqui são óbvias.

Tem também b-sides de With or Without You (U2) e Your Song (Elton John). Adoro b-sides, mas ainda prefiro a segunda com o confortável Ewan McGregor. A primeira ficou muito boa e não existe competição. É como se com o Bono fosse uma música e com o Tom fosse outra. Então, gosto igualmente (ou talvez seja só uma deculpa para eu me sentir tranquila e não me colocar no banco de traidores de Vox e sua turma).

17.4.07

5 tópicos sobre a Sauna Gay, ops, o filme 300 *


1 - a clara analogia Leônidas-Jesus x Xerxes-diabo no Horto das Oliveiras (coisas de Zack Snyder) delineou todo enredo carregado de xenofobia e exagero. Dá para encarar se não for entendido como um posicionamento histórico-político, mas parte de um discurso parcial e eloquente de um guerreiro espartano (já que a narração lúdica mais tarde revela-se o discurso da nova guerra);

2 - a rainha foi bem escolhida... não tinha silicone na época e não desmereceu-se o belo corpo dela pelo fato de os seios serem pequenos e estranhos. A Lena Headey é realmente de uma beleza diferenciada e tem cara de "tenho fibra", mas se a rainha Gorgo realmente foi uma mulher ouvida pelo rei espartano, com certeza foi bem menos do que apareceu. Naquele regimento, uma mulher dizer "olá, me passa a manteiga?" e ser respondida já era sobrenatural. A cena na Câmara foi surreal. Nada a ver. Mas admito que o diálogo da revanche com o traidor babacão foi ótimo: "Isso não será breve. Isso não irá lhe dar prazer, e não sou sua rainha"... heheheheh;

3 - fiquei pensando qual o motivo de terem escolhido o Santoro para viver o rei persa e qual seria a explicação de ele ter aquela aparência meio andrógena, meio Lacraia, meio Monique Evans... cheguei a uma conclusão:
--> não teve nada a ver com a figura ter de ser diferente da representada enfaticamente nos gregos – bárbaros, sanguinários, machões, fortões, (fora que todos os atores eram lindos, nenhum feinho, êta beleza grega!) – e expressar que o povo persa tinha lá mais cérebro e raciocínio a instintos puros e mortais... E tampouco a vozona dublada foi para fazer-se entender nas entrelinhas que ele era fodão, mesmo sendo um metrossexual... não foi por isso. Foi simplesmente porque o Santoro tem traços mais delicados, uma cor de pele espetacular (que conseguiu um efeito Globeleza com o óleo e toda maquiagem que passaram nele), e expressões faciais que se tornaram altamente estranhas com a sobrancelha horrenda que traçaram. O Santoro foi escolhido porque tem características que, usadas de má fé (rs), caíram bem para o povo persa ser desmoralizado, o que era coerente acontecer, já que a narração era de um entusiasta guerreiro grego. Ou seja, ele não foi contratado para um papel, mas para um papelão;

4 – também fiquei pensando de onde eu conhecia o rei Leônidas... que filme eu já tinha visto com o ator?... e me arrependi de não ter fuçado na internet antes de ir ao cinema. Quando ele deu um dos primeiros gritos eu pensei: “é o mesmo cara que fez O Fantasma da Ópera!”. Confirmei chegando em casa que estava certa. Gerard Butler é um ator que canta e dança muito bem, logo, é por isso que foi escolhido para o papel principal. O rosto quadrado e o físico poderoso foram detalhes (rs);

5 – tive medo na parte que o ogrão persa nervoso quase matou o rei (óbvio que ainda não era hora e sabia que o feioso é quem iria se dar mal). Mas, no geral, ri muito, muito, muito... cenas absurdamente ridículas. Do mais, fotografia linda, edição bem feita e pontos altíssimos paras as gotas de sangue voando aglutinadas e fazendo barulhinho ao cair... Uma HQ bem animada, em vários sentidos.
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*Tópico 1 reescrito após eu perceber que o que eu queria dizer não havia sido dito, ao contrário, havia sido distorcido.

16.4.07

Frágil instinto materno

Ela adorava ser mãe. Acordava e ia logo bem cedo carregar a menininha no colo, com roupinha cor-de-rosa e meias pequeninas combinando. Está certo que ela não levava muito jeito para a coisa – inexperiência, claro – mas não era de forma alguma um problema.

O bebê mamava na mamadeira de manhã e a mãe ia para a escola. O pai, ninguém sabia quem era. Talvez um tio querido, um primo da mesma idade ou um colega, um vizinho, alguém do colégio. Às vezes, a mãe ia tomar banho e queria levar a bebê junto. Não era possível, cada coisa de uma vez. Então, ela cuidava dela e da menininha, sempre de cor-de-rosa, depois. Mais mamadeiras, mais paparicos. Ela queria que o bebê falasse logo, e dissesse “mamãe” ou algum derivado como “mamã”, “mã”, até mesmo um som indefinível como “mmmm” já seria satisfatório... mas a pequena era silenciosa.

A mãe também queria ver logo o bebê andando. Mas era difícil. Ela segurava nas mãozinhas e tentava fazer com que a menininha de cor-de-rosa firmasse as pernas no chão, em cima da cama ou no sofá. Mas nada. Ela não falava e nem andava. Mas não era de forma alguma um problema.

Um dia a mãe resolveu ir para o shopping com o bebê. Aficionada pelas vitrines, acabou deixando a pequena de roupinha cor-de-rosa em um banco qualquer. Quando se deu conta, minutos depois, ficou enlouquecida e pôs-se a chorar. Onde aquela menininha indefesa estaria? Alguém já a teria encontrado? Seria possível tê-la de volta?

Foi aí que, depois de voltar por todo o caminho feito, o pai encontrou a bebê perto de uma sorveteria. Ela estava lá, dentro do vestidinho cor-de-rosa, mas faltando alguma coisa. A mãe viu, parou de chorar e disse: “Pai, compra outra? Levaram as meinhas”. O homem pegou a menina no colo, a mulher levou a boneca rejeitada. E seguiram para o estacionamento de volta para casa.

14.4.07

Só um até logo **

Estou com uma seqüência de posts na minha mente e ainda não deu tempo de trascrevê-los. Tem a ver com sinestesia... e música.
A próxima publicação só será feita quando rolar, então... até mais.

** Favor desconsiderar este post. Não resisti... mas aguarde a tal seqüência que um dia aparecerá aqui. Abs, TF, 17.04.2007

Um dos poemas que mais gosto*

eu levo o seu coração comigo
e. e. cummings

eu levo o seu coração comigo (eu o levo no meu coração)
eu nunca estou sem ele (a qualquer lugar que eu vá, meu bem, e o que que quer que seja feito por mim somente é o que você faria, minha querida)

tenho medo

que a minha sina (pois você é a minha sina, minha doçura) eu não quero
nenhum mundo (pois bonita você é meu mundo, minha verdade)
e é você que é o que quer que seja o que a lua signifique
e você é qualquer coisa que um sol vai sempre cantar aqui está o mais profundo segredo que ninguém sabe

(aqui é a raiz da raiz e o botão do botãoe o céu do céu de uma árvore chamada vida, que cresce mais alto do que a alma possa esperar ou a mente possa esconder)
e isso é a maravilha que está mantendo as estrelas distante
seu levo o seu coração ( eu o levo no meu coração)

(Tradução: Regina Werneck)

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Bem melhor... nehuma tradução é sempre fiel... segue poema em inglês:

i carry your heart with me
i carry your heart with me (i carry it in my heart) i am never without it (anywhere i go you go, my dear; and whatever is doneby only me is your doing, my darling)
i fear no fate (for you are my fate, my sweet) i want no world (for beautiful you are my world, my true) and it's you are whatever a moon has always meant and whatever a sun will always sing is you
here is the deepest secret nobody knows (here is the root of the root and the bud of the bud and the sky of the sky of a tree called life; which grows higher than soul can hope or mind can hide)and this is the wonder that's keeping the stars apart
i carry your heart (i carry it in my heart)


Clique aqui para saber quem foi E.E. Cummings, reconhecido como um dos grandes poetas americanos do século XX. Ele é de um lugar que adoro pronunciar pela sonoridade: Massachusetts.

Nota: Além do conteúdo, um dos seus fortes é a forma (aqui, os parênteses se aplicam também ao "in"... eles guardam, como o coração dele, que leva o dela inside)

* Atualização dia 16.04 com inclusão do poema em inglês e nota

13.4.07

Sorvetinho



Nada como tomar um sorvetinho com a amiga e parceira de academia.
Esta foto foi tirada há alguns meses e antes de perdermos centímetros de medidas e alguns quilinhos.
Viu! Sorte que era 0 kcal ;)
Go, Curvetes, go!

12.4.07

46 anos atrás

Yuri Alieksieievitch Gagarin foi um cosmonauta soviético e o primeiro homem a viajar pelo espaço, em 12 de abrol de 1961, a bordo da Vostok I, uma nave que pesava 4725 quilogramas.

(...) aos 27 anos de idade, Yuri Gagarin (...) deu uma volta completa em órbita ao redor do planete e proferiu a famosa frase "A Terra é azul". Promovido de tenete a major enquanto ainda estava em órbita, foi com esta patente que a Agência Tass soviética anunciou este espetacular feito ao mundo, que assim tomava conhecimento de que entrava numa nova era, a Era Espacial, a partir daquele momento.

Fonte: Wikipedia


O cara deu início a uma era com a minha idade.
Acho que também foi ele quem proferiu a famosa frase "Tô de saco na lua".

Trabalhando com nossa rosa-dos-ventos


Simplificando bem as coisas, sempre temos duas opções. A maioria resume-se entre ser partidário do sim ou do não. Cortar ou não o fio vermelho, pular ou não da ponte, comer comida saudável ou não, ser filha da mãe ou não, confiar ou não, perdoar ou não, vender a casa, o carro, a alma, o diploma ou não.

A decisão mais óbvia seria, entre ser feliz ou não, escolher o sim, claro. Mas as pessoas teimam em abraçar o não. Eu mesma escolhi por uns oito meses seguidos chorar ao invés de rir e comer feito louca e ficar feia e gorda ao invés de magra e gostosa. Agora, este exemplo está no meu filminho interno e eu nunca mais escolherei cena semelhante.

Não é fácil escolher o sim. Quando o fazemos, também provocamos uma reviravolta. Para tê-lo em mãos, e não ser escravo de despautérios, é preciso entender o que para nós é bom e ruim, o que é certo e errado, o que é prazer e o que é aflição. E, por mais ridículo que pareça identificar de “bate pronto” tudo isso, é comum nos enganarmos...

Aí viramos seres problematicozinhos e colocamos a culpa na mulher burra que falou besteira no supermercado, no cara estúpido que tratou mal o garçom, no cachorro que latiu a noite toda, no colega que é lerdo e não faz o trabalho direito, nas pessoas que andam dançando na rua, jogando o corpo molenga de um lado pro outro (e como isso irrita!).

Para escolher o sim temos que desengavetar coisas e entendê-las. Fazer um 5S na gaveta, jogar fora o que não serve mais para caber coisas novas. Faxinar a mente e deixar o espanador percorrer todo o resto. E quando não sabemos o motivo de alguma coisa, o melhor é parar para pensar e descobrir. Nada pior que um estorvo ocupando sempre o porta-malas. Nunca você conseguirá levar na viagem tudo o que quer e, quando chegar no ponto final, pode ser que se irrite mais ainda ou pior, que chore. Em outras palavras, formate sua vida e passe antivírus regularmente. Fica mais fácil escolher entre sim e não (e o não é igualmente importante).

Ainda caio em ciladas de auto-boicotes, mas estou percebendo que ao saber encontrar direitinho os puros “norte” e “sul”, " leste" e "oeste", traçar caminhos pelos pontos colaterais e pelos sub-colaterais na minha rosa-dos-ventos está virando uma tarefa deliciosa e não uma planilha de Excel.

10.4.07

A verdade não tem ponto

Dormi com dor de cabeça meio mal por causa do Hassam que foi violentado no inverno de 1975 e acordei toda torta, por ter me contorcido por causa do frio e fui trabalhar, editei as notícias como faço todos os dias e depois fui desalojada, deslocada, arrancada da minha mesa, para que os acertos fossem feitos, já que estamos com a sala sendo ampliada, tive que mudar para o outro lado (gostei) e o pessoal da manutenção apareceu para trocar as tomadas de lugar, prolongar cabo de rede, estas coisas, aí, seria rápido, mas fiquei o dia todo “fora do ar”, na hora do almoço, comi rapidinho com uma colega, no restaurantezinho da frente do paço, fui ao banco, não consegui (de novo) fazer depósito no caixa eletrônico e passei em casa para pegar umas coisas no micro e a mochila da academia, que tinha esquecido, de volta ao trabalho, pouco mais de 14h, reunião com um cara que chegou às 15h14, estresse, fui para lá, para cá, consegui chegar a um denominador comum com o fotógrafo, que diz uma coisa e o cara que chegou atrasado, outra, ok, normal, todo dia acontece, sem rancor, sem ressentimento, voltei para minha mesa, já do outro lado da sala, mas sem o cabo de rede ok, aproveitei para dar um jeito na minha caixa de e-mails e assustei, sério, estou assustada até agora e já criei um plano de ação para resolver o caso, saí mais tarde como sempre, fui para a academia e tomei banho por lá mesmo. Meu querido ia me pegar. E foi. Me deu um mega abraço, daqueles de estralar tudo! Me beijou de um jeito que só ele sabe, e sabe que é muito bom, e seguimos. Ainda era cedo para jantarmos e fomos a uma cafeteria muito boa que tem na cidade. Não resisti e, mesmo saindo da ginástica, pedi um expresso com chantili. Ele bebeu um puro e sem açúcar. Queria conseguir também, é assim que se toma café de verdade, é o “cowboy” dos cafés, nada de “on the rocks”. Rimos muito, fizemos silêncio também. Estávamos cansados e viemos para casa. Tomamos um banho e fomos ao cinema. Ele não trabalha amanhã – a empresa é chinesa e parece que é feriado lá – e, por isso, talvez fique por aqui. (Infelizmente tudo depois do primeiro ponto é uma grande mentira... ahahahahah não tem o cara, nem o café, nem o cinema! ahahahahahah Muito menos a empresa chinesa)

Curiosidades sobre o café

Pouca gente sabe, mas o Grupo DPaschoal tem a Daterra, uma fazenda de café especial para exportação que é um show. O produto então, nem se fala. Entrei no site (babei em vários mimos da lojinha) e encontrei umas curiosidades. Compartilho:

- Uma xícara de café com 100% de grãos arábica puros contém em média o equivalente em cafeína a um refrigerante diet;

- Café Expresso feito com grãos arábica de alta qualidade, contém menos cafeína que qualquer outra método de preparo;

- Robustas podem ter até o dobro de cafeína que os cafés Arábica especiais,

- Nos últimos 5 anos, segundo a Abic, foram abertas quase 700 cafeterias no Brasil, sendo que 400 delas em São Paulo;

- Em média são necessários 50 grãos de café para uma xícara de expresso;

- Os primeiros bebedores de café na Europa chamavam o café de Vinho Árabe;

- A Finlândia é o maior consumidor de café per capita do mundo (12.7kg per capita), seguida pela Suécia (11.4kg per capita), e Dinamarca e Noruega (10.4 kg per capita);

- Os quatro “M”s necessários para preparar um expresso de qualidade na Itália são:

Macinazione para a moagem adequada;
Miscela para o Blend;
Macchina para a máquina de expresso e;
Mano para as mãos do barista.


- O café é produzido em mais de 90 países e é o segundo produto de exportação no mundo depois do petróleo (em valor);

- O café é a bebida mais popular no mundo com aproximadamente 2 bilhões de xícaras consumidas todos os dias;

- O café expresso contém 2.5% de óleos e o café de filtro contém 0.6% de óleos;

- Os melhores cafés são colhidos em plantas mais antigas (e eu concluo que podemos ampliar o ditado: "Homens são como vinho e café, quanto mais velhos, melhor").

(leia mais no site do Ateliê)

Chuva!!!!



















Adoro chuva! Adooorooooo! Com um ventinho então... ai, que delícia!
Gostei desta foto e queria escrever algo legal para acompanhá-la. Mas a vontade de postá-la, por si só, foi maior. Aí está.

Tirada há exatamente um mês (se bobear na mesma hora e minuto!).

Achismos sobre o homem com ácido no metrô de Paris

"Sou a pessoa que procuram". Esta foi a frase confessa de um homem de 28 anos detido pela polícia parisiense nesta terça-feira, 10. O que ele fez? Ele jogou uma mistura química em algumas moças que dividiam o mesmo metrô que ele. O motivo? A matéria ainda não teve suíte e eu não sei.

No texto é relatado que acharam muitas coisas tóxicas no apê dele. Quando foi levado pela polícia, ele tinha o frasco com a mistura escondido em um maço de cigarros. Algumas vítimas, todas foram mulheres, tiveram ferimentos graves.

O que me chamou atenção é que o que talvez ficasse do lado de lá do muro divisor de um fato estranho para uma agressão bárbara atravessou a linha limítrofe. O líquido não iria matá-las – a menos que o homem forçasse a ingestão, o que não foi o caso... Foi preparado, reservado e escondido só para machucar. Para causar dor, para ficar ali incomodando e fazendo arder.

Ache o que quiser sobre mim, mas enquanto eu não ler a suíte e saber os reais motivos de o cara ter feito isso, vou ficar no meu “achismo” de que ele só queria que o veneno que preenchia o apartamento dele fosse conhecido, que a dor que ele sentia fosse provada e que alguém o procurasse e o reconhecesse. “Sou a pessoa que procuram”. Ele só queria ser notado.

Continuando com meus achismos, este pode ser um exemplo absurdo do que uma pessoa carente pode fazer. E vou além no meu "acho que", agora, bem radical: vai ver o cara era tímido (e/ou), retraído (e/ou), tinha vários problemas emocionais, psicológicos e queria mata ou amar mulheres, mas não conseguia.

Freud explica o caso e meus achismos. Pena que não posso falar com ele agora.

Clique aqui e leia a notícia


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Isso não tem nada a ver com o post. Achei este título na mesma lista de notícias da editoria Internacional do Uol e achei bem ruim. Está com link para o texto, caso interesse:
Dois suicidas se matam simultaneamente em Casablanca deixando vários feridos

Ruim mesmo, não?

...falta pouco menos da metade


9.4.07

Eu quero, tu queres, ele quer, nós queremos, vós quereis, eles querem

Quero ser apertada até ficar roxa. Quero ser mordida até sangrar. Quero ser beijada até sufocar. Quero ser abraçada até ficar com o corpo todo dormente. Quero ser espremida, amassada, sacudida, assaltada, invadida. Quero ser cuidada até implorar ‘’menos!” e quero cuidar até ouvir “mais!”. Quero morrer sem respirar.

Carpe diem é o resumo

Acabei de olhar no calendário para lembrar o dia exato que fiz determinada coisa e me deparei com um fato que julguei seria pontual. Mas acabou se estendendo. Amanhã a noite fará um mês que aconteceu algo relevante e, desde então, estou vivendo com tudo fora do lugar.

Paralelamente, decidi no final da última semana que finalmente as cortinas e quadros que estavam encostados num pedaço de chão ganhariam seus respectivos assentos. Não deu tempo de acertar tudo em uma tarde, nem com dois bons ajudantes e uma assessora de decoração, mas pude perceber que, mesmo quando a gente resolve colocar as coisas no lugar, não tem como fugir de certa dose de desordem. Seja porque a sala ficou cheia de pó, pedaços de vidros quebrados ou tapete amontoado em um canto; seja porque as coisas ficaram tão bem assentadas que não estão ainda familiarizadas, dando a impressão de aquilo não estar 100% certo, ou melhor, seguro.

São paradoxais as conclusões de que para arrumar é necessário desarrumar; para solucionar é necessário criar um problema e para acertar é necessário errar (muiiita gente já até nasce sabendo disso). Irônico é pensar que a gente sabe que momentos surgem de solavanco, mas sempre nos preparamos para sentir ou não sentir algo, agir assim ou assado, resistir a isso ou àquilo. E é inútil programar-se.

Bom é perceber que, enfim, acho alguma maturidade em mim e não estou me descabelando por tudo isso. A reviravolta gerada pela poeira, pelo novo layout da sala e pelo que aconteceu há um mês está sendo bem-vinda, mesmo que eu não saiba como será daqui a pouco.

(depois posto a foto da sala)

Rendição

Os comentários não passam mais por moderação. É só escrever e pronto. Tem muitos contras e não teria me rendido se pessoas queridas não tivessem reclamado tanto. Este blog é meu; não é democrático, mas tudo bem. Sou libriana.

4.4.07

Exatamente porque todo mundo muda

Há um mês e pouco baixei músicas do Keane, pois só conhecia Everybody’s Changing. Na verdade, pensava isso. Admito que tenho péssima memória e fazer a correspondência música-cantor/banda é meio difícil para mim (o que é péssimo- péssimo, pequeno e beira a ignorância, nem medíocre é).

Bom, gosto de quase todas (pelo menos todas que tenho), mas a tal citada tem um significado especial. Como ela não é mais sinônimo de muita tristeza, coloco aqui o link, como Honra ao Mérito de eu conseguir exorcizar mais um fantasma. Você aproveita e assiste ao clip bacaninha.

Obs.: Vou aprender a colocar videozinhos direitinho aqui. Ainda não sei como fazer isso e não achei ninguém para me ajudar agora...

3.4.07

(Se achar muito longo e for ler mais ou menos, nem comece)

Quando as coisas começam a dar errado, prepare-se. Vão continuar assim. Não sei por que não percebi a semelhança, do início do dia problemático, com minha compra do ingresso para O Fantasma da Ópera (que, de R$90, saiu por R$220 para a milionária aqui).

Após meses pensando (sério) resolvi ir ao show do Keane, por pelo menos dois motivos razoáveis. Às vésperas do “grande espetáculo”, descobri que, felizmente, a comunidade emo não é tão enorme assim e sobraram alguns ingressos. Mas antes disso, achei que não (o site dizia que, para pista, estavam esgotados), e tive uma troca de e-mails indigesta com uma pessoa que tem tudo para ser indigesta, mas não é. Ok. Passou. Ao telefone, a mocinha do Ticketmaster me vendeu um convite, sem desconto, sem ser possível fazê-lo com a carteirinha de estudante e também com R$ 24 de taxa (e não, eles não entregam em casa). Já não gostei, mas estava decidida e pensei: dane-se.

“Há no máximo 15 ingressos para pista no sistema e a senhora pode não estar encontrando amanhã. Vale a pena estar tentando comprar com desconto depois e vir a estar cancelando esta compra. A senhora vai estar tendo sete dias para isso”, aconselhou a suspeita e gerundista vendedora. Ok, “vai que...”.

Recuso-me a concretizar neste hipertexto o número que está para cair na minha conta, caso eu não consiga fazer o cambalacho comentado acima. Assim, chamemos de X o valor absurdo que ficou acordado ao final da ligação, com meu “sim” antes da benção final...

(saio da primeira pessoa para não me matar)
Thais, irritada com os e-mails indigestos, com o valor X e com o trabalho, que está puxado nesta semana de feriado, resolveu se dar ao luxo de sair no horário (horário, aliás, que é incrível para uma jornalista). Mas a Thais não ia para casa relaxar... ela ia pagar o aluguel, que não é baratão, e depositar R$27 (que era para ser R$26,20, mas a máquina não aceita moedas e a conta da Thais do Bradesco não tem um puto e ela não consegue fechá-la, pois tem que ir pessoalmente na agência que está 150km longe dela) em uma conta da Folha de S.Paulo.

Estrategicamente ela planejou (e ela adora programações infalíveis): “vou pagar o aluguel, pois em 20 minutos a imobiliária vai fechar; depois passo num Banco do Brasil, saco dinheiro para cobrir o cartão de crédito, que ainda está vinculado lá para não ter problemas, e já coloco uma graninha a mais, para fazer uma transferência, e não depósito, para a Folha. Aí, saio de lá, vou na academia, volto para casa, tomo um banhão, janto e leio um pouco antes de dormir. Hoje, nada de internet”.

(voltando para a primeira azarada pessoa)
Agora, resumindo, porque já não dá para agüentar tudo isso:
- depois de pagar o aluguel, me perdi no bairro, peguei trânsito e achei o Banco do Brasil mais próximo quase meia hora depois;
- chegando ao Banco do Brasil, enfrentei uma filinha de duas velhinhas que, por não se darem bem com a máquina, valiam por 12 pessoas “normais”. Quando consegui passar o cartão, digitar a senha e ia informar o valor do saque, li: “Operação indisponível no momento”;
- Inspirei, expirei, inspirei, expirei... segui para o Bradesco. A programação da semana está PRONTA e não dava para deixar para amanhã. Com R$27 trocados na carteira fui, pelo menos, fechar a pendência com a Folha. Trânsito. Chego no banco. Preencho e lacro o envelope de depósito. Sigo até a máquina. Faço o que ela manda e leio “Agência não válida para esta transação. Consulte seu gerente”;
- Saí. Tossi, inspirei, expirei, inspirei, expirei... estava indo para a academia e resolvi virar a direita. Vim para casa;
- No prédio, crianças chatas brincavam na entrada e quase as atropelei. No hall do elevador, um casal de namorados trocava carinhos de dar vergonha e uns caras feios combinavam bar na quinta;
- Subi com toda essa turma e o elevador NÃO parou no meu andar. Fui até o décimo e voltei. Abri a porta, arranquei a roupa, entrei no chuveiro gelado, no escuro, claro, e agora estou aqui, perdendo tempo.

E aposto que se você teve paciência, e ainda está lendo isso, deu umas risadinhas da minha cara. Odeio você. Odeio e odeio.


ps.: Ah! Baixei a trilha do Moulin Rouge, que adoroooo e a Your Song, com o confortável Ewan McGregor, está com pau.

Pisada no calo

É. Fechei os olhos. E estou apertando-os. Não vou abrir, não vou abrir e NÃO VOU ABRIR. Rancei. Estou brava. Sai que eu estou queimando e dando choque.

2.4.07

Na (infinita) D.Pedro I


Toda segunda é isso. Vejo o sol apontar exatamente quando passo pelo posto da Polícia Rodoviária de Atibaia.


Se é ruim acordar cedinho, e estar ali por volta das 6h, bom é admirar o deus Rá levantando depois de mim. Para me sentir melhor, imagino que é um presente quente, mas menos calórico que uma cesta de café da manhã (que seria cabível nestes momentos), por exemplo.


É... os nasceres de outono são realmente meus favoritos.