12.4.07

Trabalhando com nossa rosa-dos-ventos


Simplificando bem as coisas, sempre temos duas opções. A maioria resume-se entre ser partidário do sim ou do não. Cortar ou não o fio vermelho, pular ou não da ponte, comer comida saudável ou não, ser filha da mãe ou não, confiar ou não, perdoar ou não, vender a casa, o carro, a alma, o diploma ou não.

A decisão mais óbvia seria, entre ser feliz ou não, escolher o sim, claro. Mas as pessoas teimam em abraçar o não. Eu mesma escolhi por uns oito meses seguidos chorar ao invés de rir e comer feito louca e ficar feia e gorda ao invés de magra e gostosa. Agora, este exemplo está no meu filminho interno e eu nunca mais escolherei cena semelhante.

Não é fácil escolher o sim. Quando o fazemos, também provocamos uma reviravolta. Para tê-lo em mãos, e não ser escravo de despautérios, é preciso entender o que para nós é bom e ruim, o que é certo e errado, o que é prazer e o que é aflição. E, por mais ridículo que pareça identificar de “bate pronto” tudo isso, é comum nos enganarmos...

Aí viramos seres problematicozinhos e colocamos a culpa na mulher burra que falou besteira no supermercado, no cara estúpido que tratou mal o garçom, no cachorro que latiu a noite toda, no colega que é lerdo e não faz o trabalho direito, nas pessoas que andam dançando na rua, jogando o corpo molenga de um lado pro outro (e como isso irrita!).

Para escolher o sim temos que desengavetar coisas e entendê-las. Fazer um 5S na gaveta, jogar fora o que não serve mais para caber coisas novas. Faxinar a mente e deixar o espanador percorrer todo o resto. E quando não sabemos o motivo de alguma coisa, o melhor é parar para pensar e descobrir. Nada pior que um estorvo ocupando sempre o porta-malas. Nunca você conseguirá levar na viagem tudo o que quer e, quando chegar no ponto final, pode ser que se irrite mais ainda ou pior, que chore. Em outras palavras, formate sua vida e passe antivírus regularmente. Fica mais fácil escolher entre sim e não (e o não é igualmente importante).

Ainda caio em ciladas de auto-boicotes, mas estou percebendo que ao saber encontrar direitinho os puros “norte” e “sul”, " leste" e "oeste", traçar caminhos pelos pontos colaterais e pelos sub-colaterais na minha rosa-dos-ventos está virando uma tarefa deliciosa e não uma planilha de Excel.

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