4.6.08

Dia dos Namorados


Perfumou-se, colocou uma bela saia e sapatos bem lustrados. Conferiu o presente ainda dentro da sacola. Laço amassado, desfez e refez com a fita de cetim já marcada. Não ficou bom, tirou, passou com o ferro meio morno. Laço novo. Ele chegou para buscá-la com flores. Ela entregou a caixa e ele disse ter adorado os finos lenços bordados. Foram ao cinema e ele a deixou em casa antes das 10h da noite, como impôs o pai. Dois meses depois ele se foi sem volta, e já faz mais de 50 anos. Suspira de saudades, foi seu último Dia dos Namorados acompanhada.

Escreveu um bilhetinho numa daquelas folhinhas quadradas de bloquinhos de papel de propaganda. Não gostou, amassou. Escreveu outro, mas as linhas imaginárias ficaram tortas. Amassou. Resolveu mudar também a mensagem. “Hummm, má idéia”; amassou. Deu-se conta de que estava escrevendo a lápis, "como assim?!". Amassou de novo. Quando pegou a caneta, escreveu as calculadas frases e assinou... "puxa, ficou ótimo!". Ao entregar com rosas colhidas no jardim, a moça leu: “Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você, meu amor.”

Ele era diferente. Ele era tudo. Ela queria algo especial. Com um mês de antecedência vasculhou cada prateleira de cada loja de cada rua da cidade. Não encontrou nada. Como dar uma camisa, para alguém de olhos tão brilhantes? Como dar um isqueiro, um chaveiro, um objeto qualquer, para alguém tão sensível. “Já sei! Farei um presente com minhas próprias mãos!”. Comprou retalhos de linho branco e bege, linha azul petróleo. Cortou e costurou o tecido. Bordou as iniciais do nome dele. "Perfeito". O Dia dos Namorados seria comemorado no cinema, com Cantando na chuva, para ficarem bem pertinho, sem o pai contestar.

11 comentários:

Unknown disse...

Linda,

Como sempre, seus textos são ótimos!

Táva com saudades deles...

Bjao

Luciano

Unknown disse...

Tks, Lu!
Mesmo sendo mentirinha isso aí que vc escreveu ;)

bj

Anônimo disse...

Thais
Finalmente, após um longo período volta a escrever e um texto propício ao mês em curso, dia dos namorados sempre inspira mesmo aos mais sem inspiração, daqui para frente não pare, continue ...
Seu pai, Paulo

Unknown disse...

Oi, pai, Paulo!
Voltei arrastada... ''a coisa'' não tá fluindo, mas vambóra!
bj

Anônimo disse...

Fazia tempo q não escrevia mesmo!
Gostei. Mas eu gosto mais de finais felizes.

Conheço uma senhora, italiana, q veio para o Brazil com 18 anos. Lá na Itália deixou um namoradinho. Morava na Sicília. Ela casou com outro italiano aqui, teve filhos, netos, enviuvou. Ela sempre ia visitar os parentes, mas nunca mais soube do tal rapaz. Na viagem do ano passado, ele a procurou, pois soube que ela havia enviuvado. Ele nunca casou e disse que sempre a amou. Ela, se achando muito velha (uns 70 anos) disse que o tempo deles já havia passado. LIgou para a filah e contou o acontecido, refletiu melhor e viu que o tempo deles era agora, já! Combinaram de viajar para um cidade próxima, para se "reconhecerem", assim ninguém iria falar sobre eles na pequena cidade onde viviam os parentes dela. E lá decidiram namorar. Ela voltou ao Brasil compromissada com ele. Ela foi pra Itália novamente em 2008 e vai trazê-lo para conhecer seus filhos e netos. Ela não quer ir morar lá e ele não quer vir pra cá, mas isso não os está furtando de viver esse amor maduro. Eles se amam e quando podem se encontram. Fácil assim. Espero que o final desta história ainda esteja bem longe e que seja feliz como a própria.

Dedico a eles minha homenagem neste mês de junho. Uma homenagem ao amor e à segurança que a maturidade traz!

Beijos.

Unknown disse...

Não te disse ontem que esta semana estou mais "mole" que o normal? Chorei!
beijos, Rê!

Anônimo disse...

concordo com seu pai. Primeiramente devemos agradecer por tê-la de volta, mesmo que arrastada rss. Olha, uma dica. Você deveria postar a sugestão happy end da Renata abaixo do seu. Cria-se o contraponto e cada casal escolhe o desfecho que quiser no dia 12.
beijos, Tha

Anônimo disse...

Sucesso, só você escreve assim. Ou seja, escreva mais!

Fim de semana em São Paulo? Vamos sábado de manhã na Rua Javari?

Anônimo disse...

Eu vou! (na rua Javari)

Unknown disse...

Carol... ando me arrastando... pior que soube de uma senhorinha de mais de 80 anos que, quando tinha 14, ouviu "escreva todos os dias, nunca pare de escrever. Este é o segredo". E a bonitinha TODO DIA pega sua velha máquina de escrever e datilografa uma crônica... fala sério, que exemplo!
Rua Javari... Juventus?
Estarei em Campos do Jordão :)
delícia!

beijinhos

Digho disse...

Thais, diria que não tenho palavras para descrever o texto mas como isso é um comentário sinto me na obrigação de ao menos dizer: "Tá maravilhoso".Há um contrate muito grande entre seu texto do dia dos namorados e o que escrevi no meu blog rsrs( mas tem os motivos)O modo como vc escreve me lembra um amigo que, assim como nós, possui um blog.Amo os textos que ele escreve..voltarei para ler mais textos seu.Parabéns.Abraço