13.2.08

sem boicotes


Ela só tinha medo de perder quando achava que tal coisa era realmente valiosa. Caso contrário, apostava na roleta russa, com certo receio da arma, mas num rompante de fôlego e coragem sempre apertava o gatilho na hora que titubeava.

Não era à toa, era um tipo de teste na linha do "se for pra ser, a bala não vai matar” ou “se for para machucar, que a bala perfure e exploda logo com tudo, diminuindo o tempo de espera do fim”.

Era sempre assim, mas todo sempre tem exceções. A última exceção tinha acontecido há muito tempo, depois, numa segunda possibilidade de aparecer, passou por cima e pegou dois revolveres, para intimidar a exceção. Deu certo e ela não apareceu.

Mas, eis que surge um novo cenário. Eis que a exceção aparece. A cautela. Agora, enquanto ela beija o céu, espera que alguém a ataque pelas costas. Mas se segura e não lança mão do artifício que oferece chances de ser letal. Não quer que seja. E tem medo.

Dorme e sonha com o carro roubado, a família sumida, o emprego tomado, as plantas sem flores no quintal. Quando acorda, segura firme nas mãos a chave que abre o cadeado onde guarda a arma. Não quer levar mão da roleta russa. Não quer arriscar. Quer continuar a beijar o céu. E se ele se fechar, bem, é melhor se preocupar só depois.

2 comentários:

Anônimo disse...

Thais
Temos que sempre nos preocupar com o já ocorrido, embora pela teoria da ação preventiva devamos estar atentos aos problemas potenciais, mas na vida devemos agir depois que aconteceu...
Sua foto ao lado do sol se pondo ficou bem cool !
Seu pai,
Paulo

Unknown disse...

Não sou eu, é a Lissa beijando o sol!

beijos, pai!