12.6.07

Dia dos Namorados 2

O dia havia sido corrido e ela foi apressada ao supermercado comprar as coisas para o jantar. Na fila rápida, para até 10 volumes, um casal na frente segurava um vinho e uma lasagna congelada. Ela saiu correndinho da fila e foi buscar a bebida. “Como pude esquecer!”

Escolheu um tinto seco, para combinar com a massa que ia preparar, a única coisa que sabia fazer decentemente. E, já que era a única, resolveu que seria no capricho.

Chegou em casa e foi descascar os tomates, para bater e fazer um molho natural, puro, encorpado, de tomates MESMO e não de extrato. Ela queria oferecer essência, nada artificial. Depois disso, abriu a geladeira e pegou o rolo de massa fresca que tinha comprado previamente em uma casa italiana prestigiadíssima da cidade. Dividiu e reservou. Abriu palmito, picou. Pegou os champignons e os cortou em tiras finíssimas, fatias milimetricamente iguais. Bacon, que ele gosta, azeitonas pretas, idem. Mais umas coisinhas... jogou tudo na panela com alho pré frito em azeite. Era o recheio perfeito. Deixou o vinho no jeito, ao lado da taça nova e dos pães italianos na cesta coberta por uma toalha elegante, e foi tomar banho.

Usou sabonete esfoliante, creme para o corpo especial, perfume que ganhou dele. Não ia sair de casa, então achou ridículo colocar um vestido super, uma roupa “de sair”. Optou por uma combinação que só as mulheres sexys e charmosas conseguem usar e ter sucesso: calça jeans e regata branca, nada de sapato nos pés. Ela estava maravilhosa e se sentia deslumbrante.

Olhou-se no espelho, ensaiou o sorriso oblíquo, com olhar e pontas dos cabelos emoldurando a cena. Os cílios penteados com rímel deram ainda mais graça àquele ensaio. Ela o repetiu, mas com o pescoço pendendo para o outro lado, apertou os lábios de leve e em câmera lenta. Arrumou a franja com os dedos juntos e a palma da mão voltada para fora, como que oferecendo aquela imagem. Pensou no seu corpo envolvido no dele e fechou os olhos. A expressão do rosto combinou com o jeans e a regata branca, perfeitos nela.

Foi para a sala de jantar. Serviu-se e comeu sozinha olhando para a decoração da sala. O aroma da comida percorreu todo o apartamento procurando por ele, mas não havia mais ninguém por lá. O perfume dela impregnou na cadeira e na toalha da mesa. Abriu o vinho e estreou a taça. Os cheiros eram maravilhosos, mas nada tinha sabor. Levantou-se, recostou na janela e suspirou. Ela trocaria tudo que estava à mesa por um pão bem quentinho, como que saído do forno. Ela preferia terminar a noite degustando um bom pãozinho francês, mas foi lavar a louça e deitar. Já era tarde.

6 comentários:

Anônimo disse...

molho de tomate, bacon, azeitonas pretas, palmito, champignon, vinho...esse texto, apesar da melancolia, me deu fome e vontade de passear no mercadão municipal.

Unknown disse...

Mercadão! Vou sábado comer um pastel de bacalhau!

Anônimo disse...

Bravo!

Magnífico texto. Riqueza de detalhes impressionantes, prendendo o leitor do começo ao fim.

Vou adicionar aos favoritos do http://drunkmemories.zip.net ok?
é um blog de fábulas sobre bêbados (algo menos sutil...rs)
Se quiser, passe lá um dia!
Abraços

Unknown disse...

Obrigada, Renê! Passarei por lá sim, conversa de bar é sempre bem vinda!

Anônimo disse...

Hj deu tempo de entrar rapidinho no seu blog e ler alguns trechos, achei esse bem interessante e tive orgulho mais uma vez da minha amiga querida, inteligente, criativa e que escreve maravilhosamente bem...
Saudades...

Bjos

Unknown disse...

haahahahahahh vávává! isso é que é amiga coruja! Fim de semana vou aí pra a gente tricotar! bjos