5.5.07

(des)equilíbrio

Não dormi. Minha cama não me acolheu bem. Meu cobertor não me cobriu como deveria. Acordei cedo. O chão estava frio demais. O café estava quente demais. O pão estava macio demais. Saí. As ruas estavam um porre. O sol, forte demais, fez minha cabeça doer. Voltei para casa. Sem parada. O teto não me protegeu. O sofá da sala não me confortou. Nada está bom, nada me aconchega. A solução existe e é o melhor lugar do mundo. Mas está longe, muito longe de mim. Mais longe que os concretos 100 km de distância. Tão longe que não funciona a telepatia. Deito na cama. Ela não me acolhe. As cobertas me sacodem. Pulo dali. O chão, dessa vez, me expulsa. Vou até o porto seguro. Chego tão perto que até sinto o cheiro da única coisa que me satisfaz e me tiraria desse incômodo. Volto pela estrada. Ela me aborrece sem piedade. Sigo atenta. Bebo um café pelando, olho pro vazio e espero. Pontuo tudo. Para não desesperar.

Um comentário:

Anônimo disse...

angustiante. A frase "O pão estava macio demais" é perfeita por indicar a aversão aos modelos perfeitos. Ótima sacada.